Ontem ou antes de ontem, (não me lembro)
Certamente algures no passado,
Ouvi um pássaro cantarolar, baixinho mas melodioso.
Abri a janela para o ouvir melhor
E, sem querer, com uma pancada surda, fi-lo cair do parapeito em direcção ao chão distante.
À medida que caía, o pássaro prosseguia com o seu doce cantar
Priiii-pri-piuuu-piu-piu
E no meu coração abria-se um enorme vazio…
Eu havia morto o pássaro!
(ainda não, mas ele caía, inocentemente, para a morte certa)
Tinha destruído aquilo que de mais belo na minha vida havia:
Um ser feliz, dos poucos que ainda existem,
Enchendo o ar de belas notas musicais, de um cantar único,
Um cantar que ninguém consegue ou deseja decorar.
Belo simplesmente por ser efémero.
Hoje o pássaro está morto.
No entanto, neste momento, ainda sou capaz de o ouvir,
Cantarolando, baixinho mas melodioso
Prii-pri-priiiii-piiu-piu-piuuuu
Assim canta o pássaro morto,
Morto, o pássaro ainda hoje canta
Canta e volta a cantar
E a minha vida permanece bela,
Pois o seu cantarolar acompanhar-me-á para todo o sempre,
Baixinho mas melodioso,
Uma deliciosa música que eu guardei na minha memória.
A vida é feita do presente
E o futuro criado com base em passados…
Lembremos ontem apenas para melhorar o amanhã.
O que interessa é agora (e não foi ou será).
O que interessa é!
Obrigado queridos pais por terem sido o meu belo pássaro cantante, enchendo a minha vida de alegrias. Este ano que passou foi sem dúvida difícil para nós todos, mas o pior já passou. Vocês mantiveram-me acordado quando apenas queria fechar os olhos e dormir… dormir… Espero algum dia poder retribuir todo o amor que me dão. Feliz Natal!